Page 44 - Reflexão sobre São José
P. 44

São José, o carpinteiro
             No Evangelho São José é chamado de carpinteiro. Quando os nazaretanos ouviram Jesus
             ensinar na sua sinagoga, disseram dele: "Não é ele o filho do carpinteiro? (Mt 13,55). É
             bonito para Jesus ser reconhecido como filho do carpinteiro, de um homem simples que
             trabalha nas coisas da terra, mas que também sabe ouvir e pôr em prática as coisas de Deus

             A palavra grega téktôn, que é normalmente traduzida como "carpinteiro", corresponde ao
             latim faber e indica um artesão que trabalha madeira ou pedra. Na prática, pode-se pensar
             no trabalho do fabricante de arados e ferramentas para a agricultura, e também de quem
             lida genericamente com a madeira, o carpinteiro clássico, ou o carpinteiro que fornece as
             estruturas de madeira necessárias para a construção.

             Por  conseguinte,  não  há  dúvida  de  que  São  José  era  um  verdadeiro  operário,  um
             trabalhador, um homem de labuta. Acredita-se que ele foi um carpinteiro que trabalhou
             todos os dias da sua vida. E com o trabalho das suas mãos assegurou o sustento ao Menino
             Jesus e à Virgem Maria, participando assim de forma extraordinária no plano da salvação.

     José, o mestre do Mestre
             "O  homem  é  obrigado  a  ensinar  uma  profissão  ao  seu  filho"  (Talmud).  José  ensinou  o
             ofício a Jesus que cresceu em sabedoria e graça, até ao início da sua atividade pública (Lc
             2,51-52). Na realidade, ao lado de José, Jesus não só aprendeu o ofício de seu pai como
             também  partilhou  e  assimilou  aquela  dimensão  humana  e  concreta  que  caracteriza  o
             mundo do trabalho: "Não é ele o carpinteiro? (Mc 6:3), isto é, "o estado civil, a categoria
             social, a condição econômica, a experiência profissional, o ambiente familiar, a educação
             humana" (Paulo VI, Discurso de 19 de Março de 1964). Assim, a participação de Jesus na
             obra de José foi muito além de qualquer atividade exercida ocasionalmente ao lado de
             outro. Trata-se de uma saubmissão, cujo significado qualifica e define toda a vida de Jesus.

             Escreve  São  João  Paulo  II  na  Redemptoris  Custos:  "O  trabalho  humano,  em  particular o
             trabalho manual, tem no Evangelho um acento especial. Juntamente com a humanidade
             do Filho de Deus, ele foi acolhido no mistério da Encarnação, como também foi redimido
             de uma maneira particular. Graças ao seu banco de trabalho, junto do qual exercitava o
             próprio ofício juntamente com Jesus, José aproximou o trabalho humano do mistério da
             Redenção"  (n  22).  Nutrir  e  criar  o  Menino  Divino  que  se  preparava  para  ser  vítima  e
             oblação para a redenção do mundo: esta foi a razão que tornou as fadigas de São José
             santas  e  altamente  meritórias.  Por  esse  seu  serviço  e  participação  no  mistério  da
             Redenção, a Igreja o venera e propõe como exemplo para os trabalhadores.

     Algumas características Josefina do trabalho
             Intimidade com Deus. "A vida tem dois dons preciosos: a beleza e a verdade. O primeiro
             encontrei no coração daqueles que amam e o segundo na mão daqueles que trabalham"
             (Khalil Gibran). São José possuía estes dois dons por ter um coração que amava e mãos que
             teabalhavam. A força da obra silenciosa de José veio do seu amor por Deus e por Jesus e
             Maria.  José é aquele que descobriu o amor de Deus pela humanidade e assim aceitou o

       22

       22    Reflexões sobre s. josé
   39   40   41   42   43   44   45   46   47   48   49