Page 42 - Reflexão sobre São José
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que o dinheiro ganho. Muitas pessoas dizem que a sua principal preocupação não é saber quanto
     dinheiro podem ganhar, mas sim conseguir demonstrar que podem exercer bem o seu ofício.

     Nos últimos séculos, foi criado um distanciamento entre a psicologia do trabalho e a psicologia
     religiosa,  um  distanciamento  que  tem  tido  grandes  repercussões  sociais.  E  ainda  hoje  isto
     mantém  muitos  homens  e  mulheres  afastados  da  fé  cristã.  Este  é  um  dos  maiores  mal-
     entendidos da sociedade moderna.

     O Papa Pio XII instituiu a festa de "São José Trabalhador" em 1° de Maio de 1955 com a intenção
     de ajudar os trabalhadores a descobrir o sentido cristão do trabalho, tão plenamente encarnado
     no humilde carpinteiro de Nazaré.

     No livro do Gênesis
             No  que  respeita  ao  trabalho,  a  Bíblia  oferece  princípios  de  ordem  geral  e  não  um
             tratamento  sistemático  e  profundo.  O  trabalho  é  aceitado  e  apresentado  como  parte
             integrante da vida humana e colocado na perspectiva do relacionamento entre Deus e o
             homem.

             O  livro  do  Gênesis  apresenta  Deus  Criador  (Gênesis1)  como  um  Deus  que  trabalha  e
             descansa: em seis dias ele cria o universo. O sétimo dia é a conclusão do trabalho dos seis
             anteriores,  no  qual  Deus  contempla  a  perfeição  do  seu  trabalho  e  descansa.  O  dia  de
             descanso é um dia de bênção. É o dia da bênção de um Deus que não é ocioso, mas que
             contém em si trabalho, ou seja, dom de si mesmo, fecundidade. "Deus criou o homem à sua
             imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou" (Gn 1,27). "O Senhor Deus tomou
             o homem e o colocou no Jardim do Éden, para que o cultivasse e o guardasse" (Gn 2,15). O
             homem é imagem de Deus e colocado por Deus no jardim, a ele é confiada a tarefa de
             guardá-lo  e  cultivá-lo.  "O  homem  é,  portanto,  como  o  seu  Deus,  um  ser  que  trabalha  e
             descansa. Tanto o "trabalho" como o "descanso" fazem parte da imagem de Deus" (A. Bonora,
             Lavoro, in NDTB, p. 778). Ser a imagem de Deus e a bênção divina coloca toda a vida do
             homem, incluindo o trabalho, no contexto da relação com o próprio Criador.

             No relato do capítulo três do Gênesis lemos que o homem quer estabelecer os critérios do
             seu ser e agir fora do contexto da sua relação com Deus e da sua obra de amor. Ele segue a
             mensagem da serpente na direção de uma vontade mesquinha e egoísta de dominar. Por
             isso, lemos em Gn 3,17-19, Deus voltou-se para o homem e disse: "Porque ouviste a voz da
             tua mulher e comeste da árvore de que te havia mandado: Não comas dela, maldita seja a terra
             por tua causa! Com tristeza, hás de tirar dela o nutrimento para todos os dias de tua vida.
             Espinhos e cardos ela produzirá para ti e comerás erva do campo. Com o suor do teu rosto
             comerás o pão; até que voltes a ser terra, porque dela foste tirado; pó és tu, e ao pó voltarás!”. A
             partir  desse  momento,  a  humanidade  obterá  alimentos  com  trabalho,  enquanto  no
             Jardim do Éden se contemplava o trabalho, mas este não estava associado à fadiga e à dor.

             Portanto, o primeiro impacto com o trabalho no relato do livro do Gênesis é contraditório:
             o  trabalho  marca  a  natureza  fundamental  do  homem,  mas  logo  se  torna  castigo  e
             maldição.
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