Page 38 - Reflexão sobre São José
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“Eu estou entre vós como aquele que serve” (Lc 22,27). Jesus com este ditado contrapõe a posição
do chefe-de-serviço à do “chefe-patrão” que se senta à mesa e espera para ser servido. É muito
claro que aquilo a que o Senhor se refere aqui é a disposição do chefe para além da posição
ocupada. Um chefe com a justa disposição humilha-se para ser um modelo de serviço àqueles
que estão sob os seus cuidados. Ele não os domina e não ostenta autoridade sobre eles (cf. Mt
20,25). Os chefes que se sentem superiores aos outros são facilmente notados pela sua atitude e
pelo seu enfoque das coisas e das situações da vida em geral. Sentem-se únicos e especiais,
desejando que cada um se curve a seus pés e os cumprimente a cada momento (cf. Lc 20,46).
Sentem-se incomparáveis mesmo entre pares, atribuindo a sua posição à sua inteligência e
capacidade. Vêem-se como pessoas de sucesso, chamadas a serem servidas e não a servir.
Muito antes de Jesus ter feito do caminho da autoridade como serviço um modelo para os seus
discípulos, São José, seu pai legal, viveu e mostrou-lhe o exemplo de um líder que serve. Embora as
Escrituras não nos falem das ações de José a este respeito, pode-se, contudo, deduzir do seu estilo de
vida que José não era um "chefe autoritário" da família de Nazaré. O seu silêncio é a primeira pista
para testemunhar que ele não era um autoritário e não era aquele que procurava ganhar
popularidade, sendo o homem sob cujos cuidados o Messias há muito esperado finalmente se
manifestava. O silêncio de José, tornado ainda mais forte pela sua humildade, não se devia à
ignorância sobre quem era o menino Jesus. Ele sabia com antecedência que a criança a nascer era o
Emanuel, o Filho de Deus que gerações há muito esperavam. O encontro com o Anjo Gabriel já lho
havia revelado (cf. Mt 1,20); o nascimento do Menino o testemunhava (cf. Lc 2,7-20); a visita dos
Magos o proclamava (cf. Mt 2,1-12) e a apresentação do Menino no Templo o selava (cf. Lc 2,22-40).
Não foi por falta de conhecimento ou informações que José não divulgou a sua personalidade nem
fez declarações ridículas sobre a sua pessoa em relação ao Filho de Deus, mas foi pelo testemunho
consistente de uma vida virtuosa que ele percorreu o caminho da simplicidade. De facto, tinha sido
notado, desde o seu encontro com o Anjo, que ele era um homem justo (cf. Mt 1,19). O sentido de
justiça conota a retidão que não lhe permite
arrogar-se o que não lhe pertence por direito,
nem reclamar falsamente o que não provém da
sua própria capacidade ou poder. José, tendo
sempre amado e venerado a Deus, sabia que a
sua vida era para o cumprimento da vontade de
Deus e nada mais queria do que amar e servir a
Deus.
Por outro lado, a humildade que José
demonstrou quando reencontrou o Menino
Jesus no Templo, depois que estivera
desaparecido por três dias, fala do fato que ele
era um chefe-servo que tinha dado liberdade
também à sua esposa, Maria, na gestão dos
negócios da família. Ao contrário da tradição
judaica do seu tempo, que relegava as
mulheres para segundo plano e preferia
apenas mostrá-las em vez de as ouvir, José
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