Page 35 - Reflexão sobre São José
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verdade, hoje, o verdadeiro problema é este: corremos o risco de nos desligarmos definitiva e
          irreparavelmente da vida quotidiana e, por isso, os sonhos não se realizam. A existência de José,
          além de ser "ordinário", é uma constante e contínua lembrança da normalidade. Se queremos ser
          felizes  por  um  dia,  basta  dar  uma  festa.  Se  quisermos  que  essa  felicidade  dure  cerca  de  duas
          semanas,  basta  fazer  um  cruzeiro.  E  se  quisermos  que  dure  um  ano,  temos  que  herdar  uma
          fortuna. Se nosso desejo é que dure uma vida inteira, então é necessário dar à nossa vida um
          propósito digno disso. José deu o propósito de sua vida, confiando completamente no Senhor.
          Obedecendo à vontade divina, nosso carpinteiro de Nazaré nos ensina antes de tudo a viver com
          sabedoria e profundidade. O seu exemplo permite-nos compreender que uma vida plena consiste,
          por exemplo, em  aliviar o sofrimento das pessoas que encontramos e despertar a confiança nas
          pessoas a quem nos aproximamos. Para um pai e uma mãe, como o foram José e Maria, significa
          não apenas olhar para os filhos, mas contemplá-los porque são a expressão de uma inocência e
          uma pureza que pede para renascer também em nós que a perdemos. José ensina que ter um lugar
          para ficar, uma casa que seja, é importante; ter alguém para amar é imprescindível, porque isso
          significa família. No final das contas, ter um lar e uma família é uma bênção.

          São José não é um homem diferente e distante de nós. Mesmo que os Evangelhos pareçam sugerir o
          contrário devido à sua proximidade especial com o Filho de Deus, a Esposa de Maria é uma pessoa
          próxima e muito semelhante a nós. O pouco que a Sagrada Escritura diz sobre ele certamente o torna
          um  personagem  extraordinário,  mas  não  por  estes  anos  -luz  de  distância  de  nós.  Vamos  tentar
          entender como é possível que um homem tão profundamente amado por Deus possa facilmente ser
          considerado um de nós.

          Estou convencido de que essa proximidade não é apenas para uma vida que oscilava, como vimos,
          entre a família, a carpintaria e a sinagoga. Como aconteceu com José, pai putativo de Jesus, também
          para nós nada da vida, da nossa história diz respeito apenas a nós. Freqüentemente, temos a ilusão de
          que tudo está encerrado e estabelecido no que podemos pensar, dizer e fazer. Na realidade, este não é
          o caso. A história terrena desse homem manso e justo fala de uma ligação entre a terra e o céu.
          Provavelmente nunca percebemos a presença de um anjo em um sonho. Quantas vezes, porém,

































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