Page 34 - Reflexão sobre São José
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JOSÉ



                    UM DE NOS

                    Pe. Alberto Barbaro, OSJ

     E
             nquanto pensava no que escrever e que contribuição dar à nossa reflexão sobre São José,
             percebi que estava em uma grande problema. A razão é que não temos muito material sobre
             este  santo.  O  que  sabemos  sobre  José  de  Nazaré?  Além  do  nome  e  de  alguns  eventos
     relacionados  à  infância  de  Jesus,  não  temos  outras  notícias  significativas.  Ele  não  diz  uma
     palavra. No episódio da perda e do encontro de Jesus no templo entre os doutores (cf. Lc 2,41-59),
     é  a  Mãe  que  chama  o  filho,  não  o  Pai:  “Filho,  por  que  nos  fizeste  isto?  Eis  que  teu  pai  e  eu  te
     procuramos angustiados ”. Ele fala pouco, na verdade não diz nada e sua linguagem é o silêncio.
     Por outro lado, ele é um bom ouvinte. Ele está atento à voz do anjo que fala com ele durante o sono.

     Ele também prova ser um excelente executor de ordens sempre que o Pai Eterno lhe pede algo. Por
     fim,  realiza trabalhos manuais expressos  nas formas mais modestas  e  extenuantes, aquelas que
     valeram a Jesus o título de "filho do carpinteiro" (cf. Mt 13,55). O problema é que a vida deste homem,
     a  de  um  simples  artesão,  carece  de  qualquer  nota  relevante.  De  alguma  forma,  pareço  reviver  o
     espanto dos habitantes de Nazaré ao ouvir Jesus, eles questionam a sabedoria desse personagem
     extraordinário, sabendo que ele era filho do carpinteiro. Como se quisesse dizer que de uma vida
     normal é quase impossível conseguir algo útil e bom. Porém, esta figura tão próxima de Jesus e de
     Maria,  inserida  na  genealogia  messiânica,  se  examinada  com  atenção,  revela-se  tão  rica  em
     elementos e significados, que só os simples e humildes sabem reconhecer, apreciar e fazer seus.
     Acima  de  tudo,  são  os  simples,  e  entre  eles  está  José,  que  nos  diz  que  existem  duas  formas  de
     compreender e viver a vida que nos foi dada de presente. Um é pensar que nada é um milagre, o outro
     é estar convencido de que tudo é um milagre. Para pertencer àqueles que estão convencidos de que
     tudo é um milagre, é preciso compreender a diferença entre viver e existir.

     José pertence àqueles que acreditam que tudo é um milagre porque ele viveu uma vida boa. Oscar
     Wilde era de opinião que viver é a coisa mais rara na face da terra. A maioria das pessoas hoje só
     existe. Nós, apesar de não termos escolhido viver, devemos aprender a viver. Se existir é um fato,
     viver é uma arte. Quem vive e acredita que tudo é um milagre não é visionário ou sonhador "de
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     olhos fechados", pertence à categoria de quem não quer perder o encontro com a normalidade. Na
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