Page 32 - Reflexão sobre São José
P. 32

uma viagem, como uma transformação e realização progressiva daquela santificação, que nos
     levará à vida no céu. Tudo isso nós sabemos apenas pela fé.

     Além disso: segundo a mesma visão de Deus, é Sua vontade que as diferentes famílias religiosas
     se  constituam  para  favorecer  a  obra  de  santificação.  Sendo  ele  a  inspiração  que  inicia  este
     processo misterioso, é também ele quem escolhe o Fundador de cada família religiosa, a quem
     então é confiada a tarefa divina. É Deus quem faz essa comunidade de fé crescer e continua a
     convidar  outros  a se  juntarem  a  ela.  Constitui  o  próprio  carisma,  que  traça  um  caminho  de
     santidade e define uma forma de servir a favor do Reino de Deus, o torna fecundo para todos os
     membros da comunidade, para que possam entrar no Reino e conduzir muitos outros.

     O convite que Deus faz a cada um de nós é pessoal e único e, consequentemente, cada um o
     percebe  de  uma  forma  particular.  Algumas  pessoas  recebem  um  convite  específico  para
     fazer parte de uma família religiosa específica. Visto que o chamado é acompanhado pela
     graça e pelos dons necessários, espera-se que aqueles que receberam o convite colaborem
     com  Aquele  que  os  chama.  Não  se  trata  apenas  de  pertencer,  é  também  de  acolher.  A
     vocação tem caráter familiar, na medida em que cada membro acolhe como irmãos todos
     os demais membros da família. O chamado aos indivíduos, bem como a sua resposta,  se
     fortalecem  e  se  sustentam  mutuamente:  este  é  o  desígnio  de  Deus.  O  cumprimento  do
     desígnio para os indivíduos e também para a família religiosa caminha sempre junto, o que
     então  conduzirá  a  um  comunhão  para  ser  desfrutada  para  sempre.  Tudo  isso  pode  ser
     conhecido, abraçado e vivido apenas pela fé.

     Nossa fé pessoal é o que nos permite perceber a plenitude da realidade em que vivemos e que vai
     além de nossos sentidos. Permite-nos chegar a Deus, Senhor de tudo o que acontece, e conhecê-
     lo profundamente. É a nossa fé que nos mostra o papel que cabe a cada um em tudo o que Deus
     planeja e dispõe.

     Nossa fé pessoal leva ao entendimento: encontrar significados de amor, bondade e realizações
     providenciais (no contexto da relação pessoal com Deus). Da mesma forma, entendemos como
     Ele atua nas experiências de pecado, graça, misericórdia, redenção em que estamos imersos, por
     isso conhecemos nosso papel em tudo, como por que estamos aqui, o que devemos fazer, como
     devemos fazer e para onde vamos.

     Nossa fé pessoal nos leva a responder ao que percebemos e entendemos. Ouvimos e escutamos
     o que Deus nos mostra e nos diz. Nós abraçamos Seu chamado, então nos tornamos membros
     de uma família, ou seja, os Oblatos de São José. Temos o compromisso de ser servos do único
     Senhor e membros ativos desta família religiosa. Com perseverança nos dedicamos a cumprir o
     que Deus nos pede para fazer. Ao fazer isso, cumprimos nossas tarefas terrenas e, ao mesmo
     tempo, como indivíduos e como comunidade, nos aproximamos de nossa meta eterna.

     Não  é  isso  que  está  no  centro  daquela  "vida  escondida"  de  São  José?  Um  homem  cuja  fé,
     despercebida,  mas  real  e  poderosa,  no  fundo  de  sua  alma,  vê  e  compreende,  e  que  então  se
     compromete com o que o grande e invisível Deus, que ele amou, lhe pede que faça? Só pela fé
     podemos começar a entrar no mistério da pessoa que Deus, através (da figura e) da inspiração
       10

       10    Reflexões sobre s. josé
   27   28   29   30   31   32   33   34   35   36   37