Page 45 - Reflexão sobre São José
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plano de Deus de ser o "Emanuel". É desta experiência íntima de fé que procedia a sua força
para levar uma vida dura e fazer todo o necessário para cuidar de Maria e de Jesus.
A disponibilidade e obediência à vontade divina. O trabalhador cumpre plenamente a sua
vocação, visando antes de mais ganhar os bens celestes (Mt 6,25-34), único e verdadeiro
fim último. São José bem compreendeu isto depois de ouvir a voz de Deus através do anjo.
Por isso, deu a sua vida a um Projecto que o transcendia, com a aceitação da ordem de ter
consigor Maria. José "demonstrou deste modo uma disponibilidade de vontade,
semelhante à disponibilidade de Maria, em ordem àquilo que Deus lhe pedia por meio do
seu mensageiro" (RC,3).
Confiança na Divina Providência. Nunca teve demasiada preocupação, a ansiedade e a
angústia daqueles que não têm fé naquela Providência que alimenta os pardais. Por
conseguinte, como homem justo, observou exatamente o descanso semanal de sábado
previsto por lei para os hebreus. Deixava a carpintaria quando os deveres das celebrações
religiosas lho impunham, ou quando uma vontade especial de Deus o inspirava a
empreender peregrinações. Assim ele respeitava e mantinha a primazia de Deus na sua vida.
Justiça e honestidade. Como homem justo, ele sabia que o trabalho é lei para todos. Ele não
se rebelou, não se queixou da sua profissão, nem do cansaço. Aliás, trabalhou com
assiduidade, paciência e generosidade, cumprindo honestamente as suas obrigações e
contratos. Houve muitas ocasiões em que São José sentiu dor e sofrimento devido às
injustiças de outros. Mas José permaneceu justo; e a sua justiça não é simplesmente aquela
que provém da observância escrupulosa dos mandamentos, mas é a busca integral da
Vontade Divina.
Humildade. São José amou e respeitou o seu trabalho. "Um homem que se envergonha do seu
trabalho não pode ter auto-respeito" (Bertrand Russell). São José, na sua humildade, não
prestou atenção a todas aquelas razões que poderiam parecer boas e que o poderiam ter
levado a não se preocupar com coisas materiais: ser descendente do grande Rei Davi, ser
esposo da Mãe de Deus, pai putativo do Verbo Encarnado, etc... A humildade ensinou-o a
conciliar a sua dignidade com o exercício de um trabalho muito ordinário, humilde e árduo.
Espírito de pobreza e desapego. São José não procurou trabalho para satisfazer a sua ganância
por lucro ou riqueza. Ele não queria ser rico e não invejava os ricos. O trabalho nunca foi um
ídolo para ele. Estava sempre feliz com a sua vida e com o seu trabalho. Como homem de fé,
transformou o trabalho diário num grande meio de exercer as suas virtudes.
Laboriosidade. "Não é ele o filho do carpinteiro?" (Mt 13,55). No Evangelho São José é
chamado marceneiro ou carpinteiro. Estas traduções exprimem muito parcialmente o
significado da palavra grega téktôn (ό τέκτων ). Foi dito que, naquele tempo, o carpinteiro
era alguém que trabalhava madeira, ferro e pedra, pelo que, era ao mesmo tempos,
carpinteiro, ferreiro e pedreiro. Portanto, fazia um trabalho árduo e extenuante.
"Qualquer coisa fizerdes, fazei-o de bom grado, como para o Senhor e não para os homens"
(Col 3,23). São José, um homem laborioso e justo, é testemunha desta forma de trabalhar.
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