Page 116 - Reflexão sobre São José
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O texto da carta prossegue destacando o momento de grande fermento vivido em Santa
Chiara naqueles dias: Estamos no seu belo mês; Pe. Cortona prega as suas glórias; os Irmãos e toda
a casa invocam de corações unidos a sua proteção: Ir. Stefano oferece-lhe em homenagem as suas
tribulações, e o Ir. Massimo, se em nome de Deus Ele o pedir, também o sacrifício – doloroso mas
ao mesmo tempo glorioso – de sua própria vida. Até mesmo o sofrimento de dois Irmãos (que
em breve irão morrer) torna-se uma homenagem ao Santo Patrono.
Neste contexto de "dores e alegrias", preocupações e gratificações, eis que o Fundador conclui
sua carta, colocando-se idealmente ao lado de seus Filhos e convidando-os à extrema
confiança na guia de São José: Diremos ao nosso Grande Patriarca: Eis-nos todos para Vós, e Vós
sede todo para nós. Marcai para nós o caminho, sustentai-nos em cada passo, conduzi-nos aonde
a Divina Providência quer que cheguemos. Seja longa ou curta a estrada, plana ou acidentada,
vejamos ou não a meta com os nossos olhos, depressa ou devagar, nós convosco estamos seguros de
ir sempre bem.
2. A“TEOLOGIA JOSEFINA” DO FUNDADOR
Na oração que estamos examinando, emerge imediatamente o conceito e o papel de "guia"
que o Fundador atribui a São José. Esta idéia está associada ao fato de que Marello entende a
vida espiritual como um "itinerário", que, portanto, precisa de alguém que faça as vezes do
guia.
Ora, para o Fundador, não há dúvida de que o guia por excelência é o Espírito Santo. No-lo diz
em uma bela homilia (19 de maio de 1889, Scritti p. 344) que é um testemunho vigoroso da
ação de "guia" que o Espírito tem em nossas vidas. Desse texto recuperamos também aquela
invocação ao Espírito que estamos habituados a usar nas nossas reuniões, mas Marello
associa outrossim a Virgem Maria e São José ao Espírito Santo na tarefa de guia.
Em particular, poderíamos dizer que ele escolhe São José por pelo menos 3 razões
fundamentais.
a) São José é guia na “relação íntima com o Verbo Divino” (L 37)
A carta 37, escrita em 19 de Março de 1869 ao seu amigo "homônimo" Pe. José Riccio,
apresenta um belo paralelismo entre a missão de José e o sacerdócio:
Ó glorioso Patriarca José, não vos esqueçais de nós que vamos arrastando estas míseras carnes
em dura terra de exílio. Vós que, depois da Santíssima Virgem, fostes o primeiro a abraçar ao
peito Jesus Redentor, sede para nós o exemplo no nosso ministério que, como o vosso, é um
ministério de relação íntima com o Verbo Divino; ensinai-nos, assisti-nos fazei de nós dignos
membros da Santa Família. O paralelismo diz respeito às relações de São José com o Menino
Jesus e de São José com o ministério sacerdotal ("ministério de relações íntimas" com
Jesus). Algo semelhante pode ser encontrado no Esboço de uma Companhia de São José, na
Carta 83: Todos se inspiram em São José, que foi o primeiro na terra a zelar pelos interesses de
Jesus. Não estrapolaremos se imaginarmos a mesma semelhança aplicada, em geral, à
consagração religiosa: que mais seriam os votos de castidade, pobreza e obediência se não
uma "relação íntima" com o próprio Jesus?
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