Page 113 - Reflexão sobre São José
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Em 4 de novembro de 1877, Marello escreveu uma carta ao Pe. Cesare Rolla (um de seus filhos
espirituais), na qual apresentava "o primeiro rascunho da Regra Fundamental" da
Companhia de São José, expressando ainda mais claramente seu desejo de inspirar-se no
modelo de São José.
Esta é a Carta 108 que, com razão, pode ser considerada como a verdadeira carta de fundação
da nossa Congregação.
Ao apresentar o projeto, após o preâmbulo já bem conhecido de todos nós ("A quem, por
qualquer motivo..."), o Fundador usa algumas palavras às quais, talvez, nem sempre
tenhamos dado a devida importância.
Ele escreve: "O Irmão de São José não é um Religioso Professo, mas simplesmente um Oblato
que se oferece continuamente a Deus...".
Embora Marello tivesse previsto uma vida de marcada pobreza e humildade para os Oblatos,
no entanto aqui o advérbio "simplesmente" tem tudo menos valor redutor!
Pretende-se antes indicar a essência de ser Oblatos, rede de todas as situações contingentes
que podem ser dadas por papéis, situações apostólicas, estados de espírito ou condições
externas...
Quem entra na Congregação e escolhe São José como seu modelo e mestre espiritual, pensa
apenas no completo dom de si ao Pai, como o carpinteiro de Nazaré se entregou
concretamente a Deus para servir Jesus e Maria. A vida do oblato de São José não tem sentido
se não se baseia exclusivamente na sua "oblatividade", na sua oferta total, como foi para Jesus
Cristo, como foi para Maria e José. Em essência, trata-se de "trazer tudo o que somos diante
de Deus": sonhos, ideais, planos, sucessos, fracassos, decepções, fragilidades, pecados...
Nossa consagração como "oblatos" tomou tudo isso e fez disso um holocausto agradável ao
Senhor.
Além disso, a oferta de si mesmo deve ser feita "continuamente", para o resto de nossas vidas.
Não se trata de um ato transitório ou bem colocado em uma determinada fase da nossa vida,
talvez rastreável até o dia de nossa profissão religiosa. Deve ser, ao contrário, uma disposição
constante da alma, vivida no momento presente, bem consciente de que cada momento é
diferente do outro. Por isso devo poder oferecer-me a Deus no entusiasmo da minha
juventude e no cansaço da velhice, na gratificação dada pelos objetivos que alcancei e na
desilusão dos fracassos que amadureci, na alegria de sentir-me "todo" de Deus e no
sofrimento de não poder dar ao Senhor senão a pior parte de mim... As situações e as
circunstâncias mudam e por isso também muda o espírito da nossa oblatividade; Mas o
desejo de oferecer tudo a Deus, e de fazê-lo para o resto de nossas vidas, não deve ser perdido
porque, como nos ensinou o Pai Fundador, nossa salvação é decidida a cada momento... cada
momento é um elo da corrente que nos conduz a Deus... cada momento que passa é uma nova
oportunidade que devemos aproveitar e da qual deveremos um dia responder a Deus" (carta
54).
Reflexões sobre s. josé 91