Page 108 - Reflexão sobre São José
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No  entanto,  as  referências  que  o  Evangelho  faz  a  São  José  para  o  nascimento  de  Jesus  são
     diversas. Tomemos algumas de Mateus.

     Na genealogia: "... Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus chamado Cristo" (Mt
     1,16). E no nascimento de Jesus (Mt 1,18-24). José aceita a paternidade: "Ela (Maria) dará à luz
     um filho, e tu o chamarás Jesus" (Mt 1,21), "(Maria) deu à luz um filho, a quem ele (José) chamou
     Jesus" (Mt 1,24). Sabemos que para os hebreus dar nome era o reconhecimento da paternidade.
     Neste caso, porém, a situação é bastante diferente: para José, não se fala nem se trata de geração.

     Em Mateus, o anjo diz-lhe claramente: "... o que nela é gerado vem do Espírito Santo" (Mt 1,20).
     Depois acrescenta: "(José) manteve consigo a sua esposa, que, sem que a conhecesse, lhe deu à
     luz um filho, a quem ele chamou Jesus" (Mt 1,24). E em Lucas (1,26-35), à pergunta da virgem
     Maria: "Como é isto possível? Não conheço nenhum homem", responde o anjo: "O Espírito Santo
     descerá sobre ti, o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Aquele que vai nascer será,
     portanto, santo e chamado Filho de Deus”.

     Por  conseguinte,  o  Menino  nascido  de  Maria  não  provém  de  nenhum  homem.  Ele  "vem"  do
     Espírito Santo; ele foi concebido pelo poder do Espírito Santo.

     No entanto, todas as referências no Evangelho à paternidade de José indicam uma verdadeira
     paternidade, mesmo que não natural: não é adotiva, porque Jesus não é filho de nenhum outro
     homem, nem apenas legal ou jurídica, porque é reconhecido como tal pela lei e pelos homens,
     mas querida por Deus e, portanto, inserida na natureza humana e na família de Jesus, com todos
     os atributos humanos de um pai para com o seu filho. Por esta razão é simultaneamente uma
     paternidade afetiva, pelos sentimentos e ações paternas de José em relação a Jesus ("Eu e o teu
     pai  ansiosamente  te  procurávamos":  Lc  2,48),  e  uma  paternidade  educativa,  pela  função
     educativa de José para com Jesus "o filho do carpinteiro".

     2.  "Ele  (José)  teve  como  esposa  a  Imaculada  Virgem  Maria,  da  qual  nasceu  pelo  poder  do
     Espírito Santo nosso Senhor Jesus Cristo, que entre os homens se dignou ser considerado filho
     de José, e esteve sujeito a ele.”

     Assim diz o Decreto "Quemadmodum Deus" de 8 de dezembro de 1870, que, por vontade de Pio
     IX, declarou São José Patrono da Igreja Católica. E todos os documentos do Magistério que falam
     de São José destacam aquilo que ele foi para Maria, sua esposa, e sobretudo para o seu Filho
     quando criança e adolescente. Entre os muitos, mencionamos poucos e parciais, mas úteis para
     a reflexão sobre a relação paterna do Santo com o Filho divino.

     O  mesmo  Decreto  acrescenta,  diríamos,  com  emoção:  "E  Aquele  que  tantos  reis  e  profetas
     ansiavam ver, José não só O viu, mas com Ele habitou e com afeto paterno O abraçou e beijou; e
     mais, alimentou cuidadosamente Aquele a quem o povo fiel comeria como pão descido do céu,
     para alcançar a vida eterna".

     São  Paulo  VI  numa  das  suas  Alocuções  sobre  São  José,  a  de  19  de  março  de  1964,  tem  em
     consideração o fato de que "José deu a Jesus o nome, o estado civil, a categoria social, a condição
     econômica, a experiência profissional, o ambiente familiar, a educação humana".

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