Page 111 - Reflexão sobre São José
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que traz perante o Senhor toda a sua experiência existencial feita de sonhos, planos, desejos,
sucessos, fracassos, fraquezas...
Neste sentido, podemos entender que os 3 primeiros oblatos a quem inspirar-nos são Maria,
José e Jesus.
Seguindo uma ordem cronológica, a primeira a oferecer-se é sem dúvida Maria: Eis-me, sou a
serva do Senhor: cumpra-se em mim o que disseste (Lc 1,38); por outro lado, do ponto de vista
teológico, o primado da oferta é sem dúvida mantido por Jesus: “Ao entrar no mundo, Cristo
diz: Não quiseste vítima nem oferenda, mas formaste um corpo para mim. Não foram do teu
agrado holocaustos nem sacrifícios pelo pecado. Então eu disse: "Eis que eu venho para fazer, ó
Deus, a tua vontade, como está escrito sobre mim no rolo do livro" (Hb 10,5-7).
Maria com seu FIAT leva sua vida a Deus (diante de Deus); ela lhe oferece a coisa mais preciosa
que possui: juventude, virgindade, projetos, capacidade de gerar uma vida.
A plenitude da oferenda será encarnada por Jesus porque ele oferecerá até a sua divindade e
colocará também o seu corpo (isto é, a sua vida) completamente à disposição dos outros com
o sacrifício na cruz: embora fosse de natureza divina, não se apegou ciosamente a ser igual em
natureza a Deus Pai, mas despojou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se
semelhante aos seres humanos. Aparecendo como qualquer homem, humilhou-se a si mesmo,
fazendo-se obediente até à morte e morte de cruz! (Fl 2, 6-8).
Entre estes 2 excelentes modelos de "oferta" encontramos o nosso José, que com o seu FECIT
não destoa nem um pouco em termos de generosidade e oblatividade.
2. A OBLATIVIDADE DE SÃO JOSÉ
Na vida de José, seu ser "oblato", traz consigo toda a riqueza de força, planejamento, paixão,
determinação que poderia ser típica de um jovem de sua idade, loucamente apaixonado por
sua esposa, mas também um homem de fé e "justo", pronto a dobrar a cabeça para que a
vontade de Deus tome forma e concretude em sua vida diária.
O relato evangélico de Mateus nos apresenta um homem adulto na fé, no qual o dinamismo
operoso não está de modo algum em desacordo com sua rica vida interior; pelo contrário, é
dele que ele tira força e esperança para buscar e "fazer" a vontade de Deus e para ser tão
merecidamente associado à categoria dos "justos" do Antigo Testamento.
A oblatividade de São José, o seu "apresentar-se diante de Deus" oferecendo-se todo inteiro,
não é apenas atribuível a uma "docilitas" (docilidade) subjacente, que corre o risco de
apresentar-nos um homem passivo diante do plano de Deus. Falamos antes de uma
"docibilitas" que poderia ser traduzida como "educabilidade" ou como a vontade ou liberdade
de o sujeito deixar-se instruir, educar ou formar-transformar pela vida, pelos outros, por
cada situação existencial, como uma "vida de aprendizagem" e aprender a fazê-lo por toda a
vida.
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