Page 118 - Reflexão sobre São José
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preocupações humanas e materiais (acolhimento de Maria, fuga para o Egipto, etc...),
mergulha sem cálculos e sem meias medidas no mistério que Deus lhe propõe, acolhe Maria
e começa o seu "prergrinar na fé", com uma confiança inabalável na Providência.
A razão da fé incondicionada na Providência é um tema recorrente na espiritualidade de
Marello, precisamente porque vem da imitação de São José; ainda na Carta 83, o Pai escreveu:
As obras dos Santos, que os séculos respeitaram, sempre foram marcadas por esta característica
de simplicidade [...] esta força motriz que, no final, nada mais é do que uma fé incondicionada na
Providência, mas só e afastada de toda a preocupação humana.
O tema da "peregrinação na fé", por outro lado, é bem descrito por São João Paulo II na
Redemptoris Custos nº 4; o Papa cita primeiro o Concílio Vaticano II sobre a fé de Maria: A
Santíssima Virgem avançou na peregrinação da fé e conservou fielmente a união com seu Filho
até a Cruz; e depois acrescenta: Ora, no início desta peregrinação, a fé de Maria encontra a fé de
José. [...] O que ele fez foi pura "obediência da fé" (cf. Rm 1, 5; 16, 26; 2 Cor 10, 5-6). Pode-se dizer
que o que José fez o uniu de maneira muito especial à fé de Maria: aceitou como verdade de Deus
o que ela já havia aceitado na Anunciação. O Concílio ensina: "A Deus que revela é devida "a
obediência da fé", pela qual o homem se entrega total e livremente a Deus, dando-lhe "o pleno
respeito do intelecto e da vontade" e dando-lhe voluntário assentimento à sua revelação (Dei
Verbum, 5). A frase acima, que toca a própria essência da fé, aplica-se perfeitamente a José de
Nazaré.
3. EXEGESE DO TEXTO
Depois dessas premissas necessárias, é agora possível tentar fazer uma análise mais
profunda do texto da oração, captando o que poderia ter sido o significado espiritual que o
Pai queria expressar. Já dissemos que poderia tornar-se a oração do "totus tuus" josefino: há o
abandono total do Marello a São José, porque ele é o homem da interioridade profunda, mas
também um homem "prático", todo de Deus e todo dos homens.
a) Eis-nos todos para vós, o José, e vós sede todo para nós.
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