Page 25 - Reflexão sobre São José
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esperanças, as tristezas e as  angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de
                 todos  aqueles  que  sofrem,  são  também  as  alegrias  e  as  esperanças,  as  tristezas  e  as
                 angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana
                 que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens,
                 que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda
                 do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este
                 motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história”.
                 Nestes  meses  de  pandemia,  todos  nos  interrogamos  sobre  o  significado  de  uma
                 experiência tão imprevisível e trágica. A imagem que emergiu delineia toda a fragilidade
                 humana  cujas  consequências  na  maior  probabilidade  acompanharão  o  futuro.
                 Sofrimentos  profundos,  como  a  morte  de  entes  queridos,  especialmente  idosos;  a
                 ausência  da  proximidade  familiar  essencial  em  momentos  de  medo,  consternação  e
                 desconcerto;  o  sentimento  de  impotência  de  médicos,  enfermeiros  e  todos  os
                 trabalhadores  institucionais;  dúvidas  e  crises  de  fé;  perda  de  trabalho;  limitação  das
                 relações sociais. A pandemia terá certamente despertado aqueles que pensavam poder
                 dormir em segurança no leito da injustiça e da violência, da fome e da pobreza, da guerra
                 e da doença: desastres causados em grande parte por um sistema econômico-financeiro
                 baseado  no  lucro  que  não  integra  a  fraternidade  nas  relações  sociais  e  na custódia  da
                 criação. O Coronavírus abalou a superficialidade e a despreocupação, denunciando outra
                 pandemia, não menos grave: a da indiferença.

                 Sabemos,  contudo,  que  o  cristão  é  chamado  a  reconhecer  e  interpretar  os  sinais  dos
                 tempos, invocando o dom do discernimento. A partir disto é possível tentar mudar de
                 perspectiva, não se fixando em causas e efeitos, mas na possibilidade que nos é dada de
                 sermos guardiões da vida.

                 O coronavírus, mesmo com todo o drama que nos dominou, devolveu a todos alguma
                 possibilidade... O mais evidente aos olhos do cristão terá sido certamente a de recuperar
                 uma realidade fundamental: o agir de Deus.































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