Page 147 - Reflexão sobre São José
P. 147
A expressão "interesses de Jesus" está presente sete vezes: Vossa senhoria Veneratissima acolha
a mim e a alguns dos meus amigos num mesmo espírito de união sob os auspícios de São José
para servir os interesses de Jesus em sua nova igreja [...] Esboço de uma companhia de São José
promotora dos interesses de Jesus [...] Todos se inspiram no modelo de São José, que foi o primeiro
na terra a cuidar dos interesses de Jesus, que no-lo guardou criança, protegeu-o menino e ocupou
o lugar de pai para ele nos primeiros trinta anos de sua vida aqui na terra ... todos podem fazer
parte da companhia; bastando para a agregação o secreto propósito de ter com ela a comunhão
de interesses [...] Aqueles que se decidirem a participar da Companhia devem, no entanto, fazer
perante o Senhor uma promessa sincera de trabalhar na medida de suas próprias forças para
promover os queridos interesses de Jesus. [...] Cada palavra - cada passo, cada desejo - pode ser a
matéria-prima dos interesses de Jesus. Numa espantosa variedade de maneiras, o Reino de Deus é
demolido. Tentemos fazer nosso trabalho de restauração em todos os lugares, com a ajuda do
céu. [...] Toda obra, por mais bela e santa que seja em si, pode transformar-se em detrimento
comum, se não for provada pela obediência; de mil maneiras o diabo pode meter-se, mesmo com
a aparência de favorecer os interesses de Jesus. O único e infalível controle é a obediência. [...] fazer
um Empório católico que de alguma forma possa promover os interesses de Jesus e repetir a obra
de São José, que teve a custódia e o patrocínio da Sua humanidade Sacratíssima.
O Pe. Marello adotava uma expressão ascética e pastoral amplamente utilizada, para buscar e
cuidar dos interesses de Jesus em Filipenses 2, 21; A frase já tinha uma história - Santo Agostinho
usa-a no Discurso 46 aos Pastores - e foi bastante utilizada no século XIX por vários autores
espirituais, precisamente no sentido de zelar pelos interesses da Igreja, em um momento de
perseguição. A novidade de São José Marello em 1872 é que, como fundador, enxertava-a na
devoção a São José, que era sua inspiração, seu modelo em "cuidar dos interesses de Jesus". Pe.
Segneri (1624-1694), jesuíta celebrado como orador sacro, já havia escrito no tratado ascético
de 1673, o Maná da Alma (Exercício II): "Os sacerdotes procuram apenas seus próprios interesses e
não os do Senhor. São José não buscava senão os interesses de Jesus e Maria, de quem era o segundo na
vida e na morte". Dois santos fundadores contemporâneos de Marello fazem a mesma conexão:
São Enrique Antonio de Ossó e Cervelló (1840-1896, canonizado em Madri, em 16 de junho de
1993), escrevendo em 1876 coliga São José aos interesses de Jesus e Maria; São Daniel Comboni
(1831-1881), canonizado em 5 de outubro de 2003, fundador dos Missionários Combonianos do
Coração de Jesus e das Mães Pias da África, em uma carta do Cairo (Egito) de 1880 liga o Sagrado
Coração e São José aos interesses de Jesus e a Igreja na África.
c) Escritos carismáticos de um Fundador
Escritos carismáticos de um Fundador são os que expõem o "carisma fundacional e a
consequente herança espiritual de cada Instituto" (São João Paulo II, Vita Consecrata, 36). "É
precisamente nesta fidelidade à sua inspiração, que é "um dom do Espírito Santo, que os
elementos essenciais da vida consagrada são mais facilmente redescobertos e vivificados"
(ibid.); esses escritos foram as fontes de nossa pesquisa. Incluem no sentido estrito as cartas
citadas da Fundação [107], [108], [109], juntamente com a carta [83], o Esboço de uma
Companhia de São José, depois as 113 cartas escritas aos Oblatos de São José entre 1889 e 1895;
as Regras de 1892; o manuscrito e o texto publicado das breves memórias de Don Giovanni
Battista Cortona, e outros escritos de Don Cortona sobre a fundação; em um sentido amplo,
incluem todo o Epistolario, todos os escritos espirituais (alográficos de Bice Graglia e de
Albertina Fasolis) e todos os Ensinamentos (editado por M. Pasetti) e de seu Magistério pastoral
(editado por A. Santiago) como Bispo de Acqui.
125
p Reflexões sobre s. josé