Page 126 - Reflexão sobre São José
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que foi assumido está redimido", Jesus quis submeter-se pessoalmente à lei do trabalho
para "purificá-lo e santificá-lo", servindo-se para este propósito do ministério de José: "Por
sua parte, Jesus ‘era-lhes submisso’ (Lc 2,51), correspondendo com o respeito às atenções
dos seus ‘pais’. Dessa forma quis santificar os deveres da família e do trabalho, que ele
próprio executava ao lado de José." (Redemptoris custos, n. 16). Não havendo dúvida de que
se trata de pura teologia, é surpreendente que não esteja presente e valorizada nos
catecismos e nos textos escolares que tratam do mistério da Encarnação, ao qual pertence
diretamente. Isso vale para a presença de São José na vida de Cristo, aspecto posto em
particular evidência na Exortação apostólica Redemptoris custos, que se centra inteiramente
no mistério da Encarnação.
Mas, o que dizer da presença de São José em relação ao trabalho no que diz respeito à vida
da Igreja? Em outras palavras, o que diz a figura de São José aos cristãos de hoje?
Pio XII, em 1° de Maio de 1955, por ocasião do décimo aniversário das Associações Cristãs
de Trabalhadores Italianos (ACLI), propôs de novo São José como patrono e modelo dos
trabalhadores e instituiu a festa litúrgica de "São José Operário". A sua importância naquele
momento histórico particular é sublinhada pelo facto que, a 24 de Abril de 1956, um
decreto da Congregação dos Ritos substituía com ela a solenidade de São José, atribuindo-
lhe o duplo rito de primeira classe. As coisas mudaram no Calendário promulgado por Paulo
VI em 1969: o dia 1° de maio foi reduzido a “memoria ad libitum", ou seja, facultativa.
A celebração de São José Trabalhador deriva da consideração, sempre válida, de que
nenhum dentre os homens, depois de
Maria, esteve tão perto das mãos, da
mente, da vontade, do coração de Jesus
como São José. Como bem afirmava Pio XII,
São José foi aquele em cuja vida mais
penetrou o espírito do Evangelho. Se este
espírito, de fato, flui do coração do
Homem-Deus para todos os homens, "é
certo que nenhum trabalhador foi tão
perfeita e profundamente penetrado
quanto o pai putativo de Jesus, que viveu
com ele na mais estreita intimidade e
comunhão da família e do trabalho". Daí o
convite permanente do mesmo Papa aos
trabalhadores: "Se quereis estar perto de
Cristo, ‘Ite ad Ioseph’ (Gn 41,45). Ide a José!
O humilde artesão de Nazaré não só
personifica diante de Deus e da santa Igreja
a dignidade do trabalhador braçal, mas
também é sempre o guardião providente
de vós e das vossas famílias ".
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