Page 130 - Reflexão sobre São José
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negligenciar as flores da piedade e da decência".  A castidade como limpidez de pensamento,
         de palavras, de pureza de vida. À pobreza, ele recorda muitas e muitas vezes a pobreza de São
         José, mesmo nas coisas pequenas, aquelas que dizemos de pouca importância. Mesmo na
         colocação de uma estátua de São José, na colocação de uma pequena capela. Os seus escritos
         estão cheios de frases suas sobre a pobreza. À obediência, choca-nos aquela frase em que fala
         da  sua  grandeza  e,  ao  mesmo  tempo,  também  do  temor  e  da  tristeza  de  que  venha  a  ser
         negligenciada. É o temor de um pai que vê a ruína de alguns filhos: "Ah, a obediência (não
         aquela  que  quer  abrir,  por  vezes,  um  olho  para  ver  um  pouquinho  a  sua  vantagem,  mas
         aquela que è chamada de cega), quantas graças atrai para nós do céu... Lamentemos que não
         poucos irmãos tenham deixado secar esta virtude, que São José queria bem enraizada nos
         seus corações; deploremos o seu destino e façamos disso objeto de meditação para nós. (L 263
         in Epistolario, p. 646).

         E recomendava a imitação de São José nas "virtudes ordinárias e comuns", escrevendo: "Ele
         era todo dedicado ao trabalho e às ocupações externas para sustentar a Santa Família, e por
         isso  podia  rezar  pouquinho  [...].  Ele  praticava  as  virtudes  humildes  e  escondidas,  sempre
         calmo, sereno e tranquilo mesmo em meio aos cuidados externos; em perfeita conformidade
         com a vontade divina [...]. Aprendamos também nós com este belo modelo, a ser totalmente
         abandonados à vontade divina, certos de que Deus permite todas estas coisas para o maior
         bem da nossa alma" (Insegnamenti. Consigli spirituali e omelie, p. 62).

     3) Guia na atividade apostólica

         São José Marello vê o Guardião do Redentor inserido profunda e realisticamente no mistério
         e na história da Salvação: "Ele foi o primeiro na terra a cuidar dos interesses de Jesus, aquele
         que o guardou para nós quando criança, protegeu-o quando menino, e fez-lhe as vezes de pai
         nos primeiros trinta anos de sua vida aqui na terra" (L 83, in Epistolario, p. 275).

         A  Igreja,  para  se  opor  aos  seus  inimigos  (anticlericais,  liberais,  maçons,  etc.),  começa  um
         despertar sob a insígnia da figura de São José, que Pio IX declara solenemente Padroeiro da Igreja
         Universal. Cada igreja particular tem o seu próprio santo padroeiro, de acordo com a tradição.
         Mas a Igreja na sua totalidade e universalidade tem apenas um único Padroeiro: São José.

         São José Marello, em 1872, ainda muito jovem, só quatro anos após a sua primeira Missa!,
         quer fundar, para os leigos, a Companhia de São José "promotora dos interesses de Jesus" (ver
         o projeto na carta 83, ao Cônego Giovanni Cerruti), a fim de iniciar na diocese um apostolado
         de vida e de testemunho cristão. O Senhor vai chamá-lo, em seguida, para começar em nome
         de  São  José a  fundação  da  Congregação que  gravita  inteiramente  ao  redor  da  figura  e  da
         imitação do Grande Patriarca.   E isto será com dois impulsos muito claros: vida interior e
         vida apostólica. É o momento dos "Cartuxos em casa e Apóstolos fóra". É a imitação do ânimo
         e da vida de São José: o santo que contempla os mistérios de Deus e da Encarnação e Redenção
         ("tu lhe darás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados") e que trabalha
         para salvar, defender e preparar o seu filho Jesus para a sua missão.

     Agora,  perguntemo-nos:  tudo  isto  acontece  realmente  na  vida  da  congregação,  nas  nossas
     Províncias  e  na  nossa  vida  pessoal?  Esta  é  uma  pergunta  difícil,  à  qual  somos  chamados  a
     responder.
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