Page 78 - Reflexão sobre São José
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Atualmente o dia 19 de março acolhe a celebração de São José na Igreja Ocidental no grau de
     Solenidade. Muitas Ordens e Congregações religiosas têm São José como patrono ou modelo. Um
     rápido olhar no Anuário Católico do Brasil nos informa esta quantia.

     O expressivo número de institutos religiosos dedicados a São José ou que nele encontram sua
     inspiração não leva a Igreja, como um todo, a uma visão mais clara e, sobretudo, teológica e
     pastoral  mais  adequada,  a  respeito  do  Patrono  da  Igreja  Universal.  Este  título,  por  demais
     pomposo, vem de Pio IX, como in-dica o Decreto deste Papa, intitulado Quemadmodum Deus,
     datado 8 de dezembro de 1870. Neste Decreto, lê-se:

     Tendo  depois  no  Sacro  Concílio  Ecumênico  do  Vaticano  insistentemente  renovado  as  suas
     solicitações e desejos, o Santíssimo Senhor nosso Papa Pio IX, consternado pela recentíssima e
     funesta situação das coisas, para confiar a si mesmo e aos fiéis ao potentíssimo patrocínio do
     Santo  Patriarca  José,  quis  satisfazer  os  desejos  dos  Excelentíssimos  Bispos  e  solenemente
     declarou-o Patrono da Igreja Católica, ordenando que a sua festa, marcada em 19 de março, seja
     de agora em diante, celebrada com rito duplo de primeira classe, porém, sem oitava, por causa
     da Quaresma.

     A este decreto segue-se a Carta Apostólica Inclytum Patriarcham, que concede às festas de São
     José determinadas prerrogativas próprias de outras festas litúrgicas. Esta Carta é datada de 7 de
     julho de 1871, praticamente um ano depois do Decreto Quemadmodum Deus.

                                                             Mas a leitura de outros textos do Magistério
                                                             pós  Concílio  Vaticano  I  dá  a  impressão  de
                                                             que a figura de José é vista como anexo entre
                                                             o Povo de Deus, a Igreja, e Maria, que por sua
                                                             vez  é  como  uma  intermediária  entre  tudo
                                                             isso e Jesus. O papel de José é como assessório
                                                             no  Mistério  da  Encarnação,  meio  que
                                                             funcional.  Se  ele  não  estivesse  lá,  não
                                                             haveria  um  pai  para  Jesus  e  a  situação  de
                                                             Maria,  a  mãe,  seguramente  não  seria
                                                             confortável na sociedade de seu tempo. José
                                                             é, assim, uma espécie de “instrumento útil”,
                                                             não  obstante  a  declaração  papal  de  ser
                                                             “patrono da Igreja Universal”.

                                                             José é destacado a partir da espiritualidade e
                                                             devoção, mas ainda não se percebe sua ação
                                                             decidida      na    História    e    nos    Eventos
                                                             salvadores. A motivação do título de Patrono
                                                             da  Igreja  ou  Padroeiro  da  Igreja  parece  ser,
                                                             ainda, a indicação de uma função de defesa e
                                                             de segurança, não o reconhecimento de sua
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