Page 83 - Reflexão sobre São José
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José, no início do Evangelho de Mateus, torna-se um paradigma de discipulado e uma
testemunha antecipada do mesmo evangelho, como aquele que ouviu a palavra de Deus e a
praticou. Este é um pouco o contexto da vocação - anunciação de José (1,18-25).
Os versos 18-23 são o coração do texto.
“Sua mãe, Maria, estando noiva de José, foi encontrada grávida pelo Espírito Santo antes de irem
viver juntos” (v.18). Este evento é humanamente impossível de prever, mas apenas na surpresa
do Espírito Santo. Maria claramente vive uma situação delicada, mas o drama também é vivido
por José.
“José, seu esposo, que era justo e não queria se divorciar dela, decidiu despedi-la em segredo” (v. 19).
O teólogo português José Tolentino de Mendonça explica a palavra justo da seguinte forma: “O
justo na linguagem do Antigo Testamento é o homem que faz a vontade de Deus, que ousa
confiar nele quando está dominado por dúvidas e perplexidades… No AT justos são os
patriarcas (Mt 23,35. Hb1,14) e os profetas (2P 2,7). Em Lc 1,6 se diz de Zacarias e Isabel que
"eram justos diante de Deus" e pouco depois (Lc 2, 25 é dito do mesmo de Simeão.”
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Evidentemente, Giuseppe foi ... esquecido ..)
Não aceitamos a opinião de que José queria repudiar Maria. O P. Mauro Negro OSJ, capitular aqui
presente, interpreta esta passagem de outra forma. Vamos ver. “O Justo é aquele que se curva
diante de Deus, aquele que deixa espaço para Deus, que permite que ele se manifeste. Quando o
Justo quando encontra Deus, ou ele se inclina, ou cobre o rosto, ou se distancia. Isso é o que José
pensa em fazer: ele pensa em se retirar, permitindo que Deus aja com sua esposa. Mas, para isso,
ele terá que respeitar o mistério que está acontecendo nela: a gravidez no Espírito Santo. Deve
deixá - la livre, deve "desligar - la" que é uma possibilidade de substituir a expressão "repudiá-
la", expressão que contém um sentido demasiado duro, quase uma recusa, uma exclusão
provocada por algo desagradável. [...] Mas o que fica claro aqui é que José ... “não queria repudiá-
la” ... (v. 19). Por que ele não queria repudiá-la? Porque ele tinha que mostrar a decisão de não
assumir o matrimonio com Maria e para isso ele teria que dizer o que estava acontecendo. Agora,
quem acreditaria em uma gravidez no Espírito Santo?
Ele deveria ter dito o que não poderia dizer, porque não havia motivo para uma denuncia. Então
ele decide "desligar-la" em segredo. Só ele e ela saberiam. Ela estaria livre e ele provavelmente
assumiria a culpa, pois nesse caso secreto ninguém saberia do fato da demissão e isso pareceria
um abandono. Sobre José, cairia a ira daqueles que não entenderiam como os fatos aconteceram.
" A Bíblia de Jerusalém adota esta tradução: "Ele não quis repudiá-la, decidiu despedi-la em
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segredo" (Mt 1,19). Um pouco da mesma tradução que encontramos no RC (nº3). José intuiu que
tudo vinha de Deus e pensou em deixar o campo livre para Ele. Provavelmente foi até avisado
pela própria Maria, e é dessa opinião que Pe. Stramare explica: “Maria sabe que todo o amor de
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José por ela é segundo Deus e que, portanto, podia dispor livremente deles ao serviço de Deus. É
natural pensar que Maria, a Anunciada foi também a primeira anunciadora da "Boa Nova" (este
é o Evangelho!) e a partilhou por primeiro, a pessoa mais amada, que é São José, que, além disso,
sendo seu verdadeiro esposo, é não só a pessoa mais interessada, mas também a mais envolvida
Reflexões sobre s. josé 61