Page 72 - Reflexão sobre São José
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encarnado,  não  podemos  negar  ao  esposo  da  Virgem  Maria  um  título  que  expresse  o  seu
     misericordioso cuidado para  com Jesus.

     Chamado por alguns de "a sombra do Pai", a sua pessoa e a sua missão provocaram uma série de
     títulos, todos aproximativos e nenhum exaustivo, procurando destacar os vários sentidos de
     sua paternidade, dos mais significativos (pai virginal, putativo, nutrício ...) àquele totalmente
     infeliz e inadequado (pai adotivo).

     Entre tantos títulos, não poderia faltar o de pai misericordioso ou, para dizer à hebraica "Pai de
     Misericórdia". Mas, a fim de não submeter ao mesmo título a realidade (Deus Pai) e a sua imagem
     terrestre (São José), talvez seja mais apropriado chamá-lo o Guardião da Misericórdia encarnada
     do Pai, que é sempre Jesus. Na Dives in Misericordia, João Paulo II diz: "Cristo confere a toda a
     tradição véterotestamentaria da misericórdia divina um significado definitivo. Não apenas fala
     dela e a explica usando comparações e parábolas, mas acima de tudo ele mesmo a encarna e
     personifica. Em certo sentido, è Ele a misericórdia” (n. 2).

     E porque o título Guardião da misericórdia, que consideramos muito apropriado a São José, não
     pareça apenas uma escolha de palavras parenéticas, queremos contemplá-lo no exercício dessa
     sua função. A forma mais prática parece ser comparar as suas ações com aquelas que chamamos
     obras de misericórdia. Percorrendo o elenco clássico encontramos:
             1. Dar de comer a quem tem fome
             2. Dar de beber a quem tem sede
             3. Vestir os nus
             4. Acolher os peregrinos
             5. Visitar os doentes

     Até aí tudo bem. Todas estas obras de misericórdia corporais José praticou em relação a Jesus e
     também a Maria, mas nossa atenção fixa-se nos seus cuidados diretos a Jesus, porque era ainda
     uma criança e precisava de tudo. Na verdade, todas essas atenções dos pais para com os seus
     filhos são obras de misericórdia agradáveis ao Senhor e José as realizou diretamente para Jesus.

     E não fez isso só algumas vezes, mas sempre. Paulo VI nos lembra que São José "ofereceu com
     total sacrifício toda a sua existência às imponderáveis necessidades da surpreendente vinda do
     Messias ...  A ele os pesos, as responsabilidades, os riscos, as preocupações da pequena e singular
     sagrada  família.  A  ele  o  serviço,  a  ele  o  trabalho,  a  ele  o  sacrifício  na  penumbra  do  quadro
     evangélico, no qual nós gostamos de contemplá-lo, e, certamente, não sem razão, agora que
     sabemos tudo, chamá-lo fortunado, bem-aventurado" (Homilia 19 de março de 1969) .

     Do elenco do catecismo ficam fora duas obras que São José não pode cumprir pessoalmente para
     Jesus, mas que Maria fez por ele:
             6. Visitar os encarcerados
             7. Sepultar os mortos.

     Não se deve esquecer as obras de misericórdia espirituais:
             1. Aconselhar os que têem dúvidas
             2. Instruir aqueles que não sabem
             3. Admoestar os pecadores
             4. Confortar os aflitos
             5. Perdoar as ofensas
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