Page 52 - Reflexão sobre São José
P. 52
nosso santo Padroeiro, e na altura em que a devoção ao Chefe da Sagrada Família está prestes a
tocar o ápice do seu desenvolvimento graças às petições feitas pela Cristandade aos Padres do
Concílio Vaticano, não posso deixar de escrever duas palavras... Oremos ambos de acordo no dia
do nosso grande Patriarca para que, começando a exaltá-lo nos nossos corações, possamos ser
dignos de o ver em breve exaltado por todo o Cristianismo com o título que se lhe está
preparando de Patrono da Igreja Universal" (L 64). Para São José Marello esta era uma notícia
importante, que o orientará para uma espiritualidade Josefina de natureza puramente eclesial.
Esta espiritualidade Josefina era fortemente inspirada no projeto de uma Companhia de São
José, promotora dos interesses de Jesus (cf. L 83), o primeiro passo rumo à nossa Congregação
por ele fundada.
SÃO JOSÉ, PROTETOR DA IGREJA UNIVERSAL
O patrocínio de São José foi proclamado, como já disse, em 8 de dezembro de 1870, por Pio IX,
através da Congregação dos Ritos, com o decreto Quemadmodum Deus, promulgado durante a
Missa solene nas basílicas de São João do Latrão, São Pedro no Vaticano e Santa Maria Maior. É
um decreto que, nas palavras de S. João XXIII, “abriu” uma veia de inspiração muito rica e
preciosa para os sucessores de Pio IX (Carta Apostólica, São José Padroeiro do Concílio Vaticano II,
19 de março de 1961).
A história mesma desta disposição tem o caráter de uma aventura. Os documentos pontifícios
eram submetidos ao controle do governo italiano, por isso Pio IX driblou legalmente o controlo
do governo usando não uma bula ou carta papal, mas um decreto da Congregação dos Ritos
Sagrados.
E é um documento que marca uma verdadeira guinada. Porque enquanto em documentos
anteriores da Santa Sé São José chegava no máximo a ser definido "preclaríssimo esposo da Mãe
de Deus", aqui o título de esposo é precedido pelo título de "Pai putativo" do Filho unigênito de
Deus onipotente. O documento representa também um pequeno tratado oficial sobre São José,
com referência aos seus títulos, grandeza, dignidade, santidade e missão estendida ao mundo
inteiro.
A figura de São José é ilustrada através do papel que o Patriarca José desempenhou na história
da Salvação. O que José, filho do antigo Jacó, era em relação à vida natural de Israel, São José é
em relação à vida sobrenatural dos homens. Pio IX escreve: "Do mesmo modo como Deus
colocou aquele José, filho do patriarca Jacó, encarregado de toda a terra do Egito, para que
pudesse armazenar trigo para o povo, assim, à chegada da plenitude dos tempos, quando estava
prestes a enviar à terra o seu Filho unigênito, Salvador do mundo, escolheu outro José, de quem
o primeiro tinha sido tipo e figura, que o fez senhor e chefe da sua casa e de suas posses, e o
escolheu como guardião dos seus principais tesouros".
O decreto põe antes de tudo em evidência a dignidade única de São José "constituído por Deus
dono e senhor da sua casa, príncipe de todos os seus bens, e eleito para ser o guardião dos
tesouros divinos". "De fato, ele tinha como esposa a Imaculada Virgem Maria, de quem Nosso
Senhor Jesus Cristo nasceu por obra do Espírito Santo, que entre os homens dignou-se ser
reputados filho de José, e a ele esteve sujeito. E aqueles que tantos reis e profetas ansiavam por
ver, José não só O viu, mas com Ele habitou, e com afeto paterno O abraçou e beijou; e além disso
30
30 Reflexões sobre s. josé