Page 58 - Reflexão sobre São José
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e o “verdadeiro esposo da Rainha do mundo e Senhora dos Anjos” (SCR, Inclytus Patriarcha Joseph,
     10/09/1847).
     Estes dois títulos, pai do Filho de Deus e esposo a Virgem mãe de Deus, fazem de José uma figura
     inalcançável na ordem da santidade, por  causa das “graças singulares e dons celestes com que Deus
     muito o  enriqueceu na perspectiva do encargo a ele confiado. De fato, ele  cumpriu com perfeição a função
     que lhe foi confiada e a missão recebida, colocando-se sem reservas e totalmente à disposição da vontade
     de Deus”.

      A sua missão é única e grandiosa, pois foi aquela de guardar a virgindade e a santidade de Maria, de
     cooperar na encarnação do Verbo de Deus e na salvação dos homens. “Toda santidade de José consiste
     exatamente  no  cumprimento  fiel  e  perfeito  desta  missão  tão  grande  e  tão  humilde,  tão  nobre  e  tão
     escondida, resplandecente e ao mesmo tempo misteriosa” (Pio XI, Discurso de 19/03/1928).

     Desde o momento em que o Anjo revela a José o seu ministério (Mt 1,21) a sua vida não teve outro
     sentido nem outra razão senão aquela de servir ao Redentor. O papa Paulo VI exprime essa verdade
     de forma muito incisiva quando diz: “São José colocou logo à disposição dos desígnios de Deus toda a sua
     liberdade,  sua  legítima  vocação  humana,  a  sua  própria  felicidade  conjugal,  aceitando  da  família  a
     condição, a responsabilidade e o peso, renunciando, porém por um incomparável amor virginal ao amor
     conjugal que naturalmente alimenta e sustenta a  família, para oferecer assim com sacrifício total a sua
     existência às  imponderáveis exigências da vinda do Messias” (Paulo VI, Discurso de 19/03/1969).

     Ao contemplarmos a missão de São José como colaborador de Deus no mistério de nossa redenção
     individuamos que a sua característica é a “ter feito de sua vida um serviço e um sacrifício ao mistério da
     Encarnação e à missão redentora que lhe vai unida e ter usado a autoridade legal que lhe cabia sobre a
     Sagrada Família, para fazer-lhe dom total de si próprio, de sua vida e de seu  trabalho assim como a de ter
     convertido sua vocação humana ao amor doméstico em uma vocação sobre-humana de si, de seu coração
     e de toda sua qualidade, no amor posto a serviço do Messias brotado em sua casa” (Paulo VI, Discurso de
     19/03/1966).

     Se dentre as figuras realçadas nos evangelhos destacam-se, por sua especial missão, São João Batista
     e São Pedro, o primeiro por ter sido Precursor de Jesus e o segundo por ter recebido dele em herança
     a Igreja, “a pessoa e a missão de José, recolhida e silenciosa, praticamente despercebida e desconhecida por
     sua  humildade”,  como  afirmava  o  papa  Pio  XI,  revela-nos  um  tipo  de  ministério  tanto  mais
     importante quanto mais escondido, tanto mais necessário quanto menos à vista. Por isso, São José
     desenvolveu  a  tarefa  que  lhe  foi  confiada  na  mais  perfeita  oblação  de  si  e  no  mais  perfeito
     escondimento, características estas peculiares em sua pessoa.

     A atuação de São José foi de certa maneira indispensável para a realização do mistério da redenção
     da humanidade, pois no desígnio de Deus a vinda do Verbo Salvador na terra para salvar o homem
     exigia a presença de um esposo para a mãe do Salvador e de um pai para seu Filho aqui na terra. Sua
     atuação e a lição que nasce de toda a sua vida foi de grande valia na Igreja desde sempre. O papa Paulo
     VI soube colher bem este seu aspecto ao afirmar que “São José é o tipo do Evangelho que Jesus irá
     anunciar como programa para a redenção da humanidade; é o modelo dos humildes que o cristianismo
     eleva a maiores alturas; é a demonstração de que para sermos bons e autênticos discípulos de Cristo não
     precisa  grandes  coisas,  mas  são  suficientes  e  necessárias  as  virtudes  comuns,  humanas,  simples  nas
     verdadeiras e genuínas”.

     Nos exemplos proporcionados por São José “é claro como que Deus espera de cada um de  nós aquilo que
     ele tem todo o direito de esperar, ou seja, a resposta fiel e  generosa ao seu chamado, às suas  vontades, aos
     seus desejos, o aproveitamento fiel e diligente do conjunto de dons naturais e sobrenaturais que ele mesmo
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     distribuiu a cada um, segundo as condições diferentes de vida, segundo os diferentes deveres do estado de
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