Page 66 - Reflexão sobre São José
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um carpinteiro . Mesmo na sua pregação Jesus usou imagens de arados, cangas, arcas, castiçais,
etc... Muito provavelmente foram coisas que ele e José tinham usado na carpintaria deles . Mas
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Jesus não só aprendeu de José a habilidade de usar o martelo, o cinzel, o metro e o serrote. Deve
também ter aprendido com ele o valor de um trabalho bem feito, e a ver o seu "trabalho como uma
expressão de amor" (RC 22). Ele provavelmente também aprendeu com José que não se deve
trabalhar apenas por alimentos que perecem, mas principalmente por alimentos que duram para
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a vida eterna . No evangelho de João Jesus identificou este alimento dizendo: "O meu alimento é
fazer a vontade daquele que me enviou para fazer a sua obra" .
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Podemos também dizer que Jesus viu em José um homem justo cuja vida foi alimentada e
revigorada pelo desejo mais profundo de conhecer e cumprir a vontade de Deus? É também
razoável imaginar que Maria deve ter contado a Jesus os acontecimentos do seu misterioso
nascimento e como José se pôs todo ao serviço da vontade e do desígnio de Deus.
Por último, perguntamo-nos como José e Maria aceitaram o celibato de Jesus, que era algo de
contracultura na sociedade judaica tradicional? Naquele tempo todos tomavam como norma o
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que as Escrituras dizem: "não é bom para um homem estar sozinho" . Contudo, já o incidente
de encontrar Jesus no templo deve ter deixado uma profunda impressão em José, preparando-o
para aceitar que Jesus estava destinado a um caminho diferente, estabelecido pela vontade do
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Pai celestial e não por convenções humanas . José deve ter compreendido que todas as
tradições humanas estão subordinadas à vontade de Deus. O seu dever como pai de Jesus foi
cumprido sobretudo no respeito pela sua liberdade e pelas suas decisões, e no seu apoio no
cumprimento da sua vocação e missão. José não teve o privilégio de ver que o maior aluno do
mundo, crescido em "sabedoria, idade e graça" sob o seu teto, se tornou o maior dos mestres. Mas
isso não nos impede de imaginar que antes da sua morte José teve o prazer de ouvir a sabedoria
do Filho de Deus, que Deus Pai tinha confiado aos seus cuidados paternos.
Conclusão
A figura de São José como pai e educador deveria ter influência sobre os pais, professores,
formadores, mentores e todos os que estão envolvidos na formação dos jovens. Para os pais, o
exemplo de São José é um desafio para não desistir do seu papel educativo porque, mais do que
ninguém, eles têm responsabilidades na formação das mentes e dos corações dos seus filhos. Desde
o nascimento, a casa é uma escola que treina as crianças para aprenderem uma profissão específica
e para se educarem para a vida ao mesmo tempo. São José mostra que o dever dos pais é acima de
tudo acompanhar e ajudar os seus filhos a descobrir a sua vocação e missão na vida. A todos os
professores, formadores e mentores nas escolas, casas de formação e oratórios, o exemplo de São
José recorda-nos que o ensino é uma vocação nobre, inspirada na missão dos pais. Por conseguinte,
devem considerar-se sempre como os segundos pais dos seus alunos. Nesta perspectiva, o tipo ideal
de educação consiste na colaboração perfeita entre a escola e a casa. São José lembra a todos os
educadores que o sucesso da sua missão não consiste apenas em dar aos jovens a oportunidade de
alcançarem uma vida confortável, mas também em ajudá-los a descobrir e realizar o propósito e a
missão que lhes foi dada por Deus. Finalmente, São José convida todos os pais e professores a verem
em cada criança e em cada aluno o rosto de Jesus, que o Pai Celestial lhes confiou.
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